💚 relendo Walden, ou A vida nos bosques. Inclui "A Desobediência Civil". De Henry D. Thoreau.
Um ensaio sobre o homem e a Natureza.
Sua visão panteísta e integralizante.
... tem-se além do amor franciscano, a reverência panteística que o torna um ecologista de vanguarda...
"(...) Mais que um relato autobiográfico ou simples descrição do ambiente, este livro, editado pela primeira vez em 1854, é um ensaio sobre o homem e a natureza. É hoje considerado, juntamente com os "Ensaios" de Emerson, a obra literária mais significativa do Transcendentalismo, movimento religioso que floresceu na Nova Inglaterra em consequência do impacto do idealismo pós-kantiano nos Estados Unidos.
Como se sabe, esse movimento rejeitava os milagres cristãos e a fé revelada, defendendo a convicção na existência de um princípio divino no interior de cada homem, o direito da sanção individual em matéria de fé. Salientavam, além disso, os transcendentalistas, a capacidade da intuição para apreender a verdade, da consciência como guia moral e da inspiração como fonte criadora da literatura. Emancipados da influência exclusiva da Bíblia, voltaram-se para a natureza e para outras fontes literárias, tais como Platão, os neoplatônicos e os filósofos orientais. Tal abertura de espírito, manifesta nesse ecletismo, levou-os à atitude revolucionária e a sentir a necessidade da reforma social. Por outro lado, foi o Transcendentalismo um movimento fundamentalmente romântico, razão pela qual nele se delineiam os traços característicos do individualismo com a ênfase platônica no sujeito, da crença na hegemonia da natureza sobre a sociedade, da consequente rebelião contra as instituições levando ao refúgio na mãe natureza.
Além de ser expressão do Transcendentalismo e do Romantismo norte-americano, Walden ou a Vida nos Bosques é a cristalização dos ideais do Golden Age, período de paz e prosperidade que antecedeu a Guerra de Secessão e a subsequente explosão industrial.
(...) ... A seu ver, a Natureza ainda que regida por algumas leis particulares não pode ser totalmente apreendida por meios intelectuais. Possui os atributos de uma divindade indiferente ao homem: "A Natureza não coloca nenhuma questão, nem sequer responde o que nós mortais perguntamos". (...)
"... Certo agricultor me diz: 'Não se pode viver só à base de alimentos vegetais porque não fornecem matéria-prima para os ossos.', e de acordo com isso dedica religiosamente parte do dia a suprir essa deficiência em seu sistema e enquanto fala, vai caminhando o tempo todo atrás de bois que, com ossos feitos de vegetais, arrastam às sacudidelas, ele e o arado pesadão, vencendo todos os obstáculos.(...)"