domingo, 17 de março de 2019

Walden ou A Vida nos Bosques.

💚 relendo Walden, ou A vida nos bosques. Inclui "A Desobediência Civil". De Henry D. Thoreau.
Um ensaio sobre o homem e a Natureza.
Sua visão panteísta e integralizante.
... tem-se além do amor franciscano, a reverência panteística que o torna um ecologista de vanguarda...





Relendo 'Walden ou A Vida nos Bosques' (inclui 'A Desobediência Civil'), de Henry D. Thoreau. Maravilha!!!
"(...) Mais que um relato autobiográfico ou simples descrição do ambiente, este livro, editado pela primeira vez em 1854, é um ensaio sobre o homem e a natureza. É hoje considerado, juntamente com os "Ensaios" de Emerson, a obra literária mais significativa do Transcendentalismo, movimento religioso que floresceu na Nova Inglaterra em consequência do impacto do idealismo pós-kantiano nos Estados Unidos.
Como se sabe, esse movimento rejeitava os milagres cristãos e a fé revelada, defendendo a convicção na existência de um princípio divino no interior de cada homem, o direito da sanção individual em matéria de fé. Salientavam, além disso, os transcendentalistas, a capacidade da intuição para apreender a verdade, da consciência como guia moral e da inspiração como fonte criadora da literatura. Emancipados da influência exclusiva da Bíblia, voltaram-se para a natureza e para outras fontes literárias, tais como Platão, os neoplatônicos e os filósofos orientais. Tal abertura de espírito, manifesta nesse ecletismo, levou-os à atitude revolucionária e a sentir a necessidade da reforma social. Por outro lado, foi o Transcendentalismo um movimento fundamentalmente romântico, razão pela qual nele se delineiam os traços característicos do individualismo com a ênfase platônica no sujeito, da crença na hegemonia da natureza sobre a sociedade, da consequente rebelião contra as instituições levando ao refúgio na mãe natureza.
Além de ser expressão do Transcendentalismo e do Romantismo norte-americano, Walden ou a Vida nos Bosques é a cristalização dos ideais do Golden Age, período de paz e prosperidade que antecedeu a Guerra de Secessão e a subsequente explosão industrial.
(...) ... A seu ver, a Natureza ainda que regida por algumas leis particulares não pode ser totalmente apreendida por meios intelectuais. Possui os atributos de uma divindade indiferente ao homem: "A Natureza não coloca nenhuma questão, nem sequer responde o que nós mortais perguntamos". (...)
"... Certo agricultor me diz: 'Não se pode viver só à base de alimentos vegetais porque não fornecem matéria-prima para os ossos.', e de acordo com isso dedica religiosamente parte do dia a suprir essa deficiência em seu sistema e enquanto fala, vai caminhando o tempo todo atrás de bois que, com ossos feitos de vegetais, arrastam às sacudidelas, ele e o arado pesadão, vencendo todos os obstáculos.(...)"